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Postos Self-Service!
Esta praticá daria certo no mercado brasileiro?
Uma das nove propostas apresentadas pelo CADE – Conselho Administrativo de Defesa Econômica, para aumentar a concorrência no setor de combustíveis, é a prática de Postos Self-Service, ou seja, postos sem frentistas. No texto anterior analisei sobre a proposta de verticalização, uma prática que pode gerar uma concorrência desleal ao pequeno revendedor, que passa a concorrer diretamente com o seu fornecedor exclusivo, tudo isso em um ambiente caótico e carente de fiscalização.
Em relação à proposta de Postos Self-Service, esta prática existe nos EUA pelo menos desde a década de 1950. Operadas por um tipo de computador mecânico, que zera a bomba após cada novo cliente, o modelo se mostrou um sucesso desde o início, pois permite a venda por um preço mais barato e a escalada de negócios do empresário, que não precisa gerir uma grande equipe de funcionários no seu negócio.
O sistema também complementava a operação da maioria dos postos norte-americanos, que exigiam, em sua maioria, que o consumidor entrasse na loja de conveniência para fazer o pré-pagamento do abastecimento, e, uma vez lá dentro, consumisse outros produtos ofertados. Desde os anos 1980 é possível o pagamento diretamente nas bombas de combustível, por meio de cartão de crédito, e hoje esse modo de trabalho representa mais de 90% do mercado norte-americano.
Trazendo para a realidade brasileira, ficamos desconfiados da possibilidade de implantação da medida. Ao final dos anos 1990, surgiram alguns postos self-service nas principais capitais brasileiras, até que no ano 2000, a prática foi proibida pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso, sob o argumento de que a multiplicação de postos self-service poderia agravar a taxa de desemprego. E duvido que no momento atual, essa mesma desculpa não possa ser relembrada.
Sindicatos da categoria já divulgaram notas de repúdio. “Não é justo que aproximadamente 500 mil trabalhadores em postos de combustíveis de todo o país paguem pela política de preços adotada pela Petrobras. Eliminar o mercado de trabalho da categoria com a adoção do chamado self-service, vai retirar centenas de milhares de empregos em todo o país, aumentando o desemprego que já se encontra com número assustador”, diz uma nota divulgada pelas federações dos frentistas, FENEPOSPTERO e FEPOSPETRO.
À primeira vista, a medida seria benéfica ao consumidor. A despesa com mão-de-obra é o terceiro maior custo de um posto de combustível, perdendo apenas do próprio custo dos combustíveis e dos impostos, e a sua redução poderia trazer um grande ganho de eficiência, com a simplificação do negócio, e no custo final do produto ao consumidor.
Na prática, a operação da bomba de combustível não é complicada, e, após um período de transição, seria perfeitamente absorvida pelo cliente. Os riscos seriam aqueles inerentes ao mercado brasileiro, como segurança dos postos, e, principalmente, coragem de nossos políticos, que dificilmente aprovariam uma medida que poderia causar desemprego a mais de 500.000 frentistas em todo o mercado nacional, mesmo que a medida proporcionasse um ganho expressivo ao consumidor.
Fonte 07/06/2018 -Dawisson Lage